filo-sofando

Não tem como no último dia do ano não se fazer uma retrospectiva, mesmo que inconsciente. Eu não poderia fugir a regra e assim, pensando sobre as coisas mais relevantes deste ano, uma conseguiu todo o destaque para me fizesse escrever sobre ela. Neste último ano, acredito mesmo que o que mais me marcou, sem dúvida foi o entendimento, o reconhecimento daquilo de melhor que um ser humano pode receber de Deus. Sei que parecerá a princípio um grande absurdo, mas levei mais de sessenta anos para perceber que ao despertar para cada novo dia, eu estou ganhando o maior, o mais precioso presente que eu poderia ganhar, estou recebendo a oportunidade de viver mais um dia. Nada, absolutamente nada que possa existir no Universo é mais importante do que isso. Essa consciência, me deixa com um profundo estado de gratidão, um milagre que chega ao ponto de me fazer ver que qualquer coisa que possa acontecer durante este dia, passa a ser quase que insignificante diante da grandiosidade do que eu r

Depois de muitas décadas de estudos, muitos erros e acertos, acabei compreendendo que um dos principais entraves na vida de um ser humano está exatamente na expectativa, na espera de um milagre que possa descer dos céus e resolver todos os seus problemas, um milagre que possa realizar todos os seus sonhos. De certo que passamos a ser – literalmente – bombardeados com promessas nesse sentido, não apenas das religiões que, por uma necessidade de sobrevivência ou mesmo de crescimento, passaram a prometer aos fiéis a prosperidade tão desejada, apensas e simplesmente em troca da fé, ou melhor, dos seus dízimos. Também, desde meados do século 20, tivemos por parte dos “gurus” da autoajuda, uma forte tentativa de nos convencer que o “pensamento positivo” ensinado por eles, seria capaz de realizar todos os nossos sonhos e assim por diante... Assim, lentamente, acabamos tirando o foco do trabalho, do esforço, da dedicação, do aprimoramento pessoal... fomos induzidos a apenas ficar pensando

Eu já ouvi, li e até mesmo assisti a filmes, documentários dizendo que quando eu cheguei a esta vida, eu poderia ser comparado a uma “Página em branco”, onde os meus pais, parentes, professores, amigos... foram escrevendo aquilo que hoje eu acredito ser eu mesmo. A psicologia, principalmente a cognitiva, explica tudo isso de uma forma clara e que realmente faz todo sentido. Porém, embora que hoje, adulto, eu tenha uma verdadeira coleção de páginas escritas que definem quem eu seja, ainda assim, a cada novo dia, a cada despertar, eu acredito ser novamente uma “Página em branco”, em que tudo pode ser escrito. De certo que uma fortíssima tendência de continuar vivendo tudo aquilo que já está escrito exista e tente sempre prevalecer, ainda assim, eu sinto – realmente – a possibilidade de conseguir escrever algo novo, algo que possa me fazer uma pessoa melhor neste novo dia, o que na verdade acaba sendo mesmo o meu principal objetivo. m. trozidio

Depois de um bom tempo sem publicar nada neste, posso dizer que estou caminhando por uma nova vertente, talvez não tão nova assim, mas que desta vez, com um nível de discernimento maior do que das outras. Estou me referindo ao “pensamento positivo”, ao “otimismo”, àquela crença de que nos foi incutida, onde sempre acreditamos que “no final, tudo vai dar certo”. Hoje posso ver que não é bem assim. Se por acaso esse “otimismo”, todo esse “pensamento positivo” realmente funcionasse, pouquíssimas pessoas no mundo sofreriam decepções, acidentes, catástrofes, separações... ninguém sai de casa pela manhã, pensando que naquele dia sofrerá um acidente... ninguém começa um lindo relacionamento esperando pelo seu término com muito sofrimento. Pelo contrário, no início você é capaz de jurar que ficarão juntos para sempre... quer maior sinal de “otimismo” de “pensamento positivo” do que isso? No entanto, a maioria tem exatamente o oposto de toda aquela “positividade” inicial. O que posso então ap