Conceptualismo – O Segredo de Deus – XVIII continuação...

Continuando com as definições da filosofia conceptual...

O nominalismo nega simplesmente o universal; não haveria arquétipos universalmente válidos, servindo de modelos para a estrutura das coisas. Aquilo que parece universal e sempre válido, outra coisa não seria que uma generalização.

Nesta posição situou-se claramente Hume, para quem só há fenômenos individuais; até mesmo o princípio de causalidade não seria outra coisa que o hábito de atribuir a relação de causa e efeito aos fenômenos postos em sucessão.

No extremo oposto do nominalismo está o realismo ontológico, - radical em Platão, moderado em Aristóteles, - atribuindo validade ontológica às noções universais.

Ainda que só os indivíduos sejam reais, eles se regem por princípios válidos no mesmo plano em que se situam, independentemente de nós que os conhecemos. Não seríamos nós que os enquadraríamos dentro de esquemas de essência e os manipularíamos mediante leis de comportamento.

As validades ontológicas sobrepondo-se aos mesmo indivíduos, valem pelo lado de fora do círculo da consciência.

À meio caminho se situam os conceptualistas que não negando os universais, não lhes dão todavia validade ontológica. Em não os negando, os libertam da arbitrariedade da consciência. Para o conceptualismo os universais são formas pertencentes à estrutura do exercício de pensar; estas estruturas são todavia inalteráveis e por isso sempre com o mesmo modo de se impor.

Em sendo da construção do conhecimento, não podem, de outra parte, possuir validade ontológica. A eternidade das essências foi negada por Duns Scotus a pretexto de que limitaria a liberdade divina.

Através do tempo se destacaram diferentes espécies de conceptualismo.

O primeiro conceptualismo claro é o de Guilherme de Ockam (1295-1349), para quem os universais seriam uma eflorescência mental, sem qualquer validade efetiva senão a de serem nomes mentais como as palavras eram nomes materiais. Apenas os conceitos singulares valiam efetivamente no mundo ontológico. Quase tão radical quanto o de Ockam, aparece depois o conceptualismo de Descartes (1596-1650).

Kant (1724-1804) conduz ao máximo o conceptualismo, com os apriorismos das formas. Não seríamos capazes de pensar os fenômenos sensíveis senão mediante formas a priori, que já eram estruturas prévias havidas no espírito. Na faculdade do entendimento encontram-se os a priori que pensam as partes de que se compõem os objetos intrinsecamente. Na faculdade do Juízo (Urtheilskraft) encontram-se os a priori chamados arquétipos, termos ideais, que servem de modelo, em função dos quais as coisas se dizem perfeitas e imperfeitas, belas e feias.

Enfim aparece a chamada filosofia dos valores de Scheler, N. Hartmann e outros, que estabelecem os ditos valores como algo absolutamente, isto é, inarredavelmente válido. Porém, esta validade depende da estrutura do sujeito, não chegando a ser uma validade inteiramente objetiva. Em última instância, reduz-se esta posição ao gênero das que denominamos conceptualistas.

Nominalismo, realismo ontológico, conceptualismo, eis em síntese as posições possíveis para a interpretação dos arquétipos, quanto ao que seriam no mundo exterior ao círculo da consciência.


Se tentássemos reduzir as três em duas, deveríamos dizer que o nominalismo e o conceptualismo juntam-se no mesmo plano subjetivo, interior à consciência, para estas duas modalidades de pensar, nada haveria de ontologicamente válido, com referência aos arquétipos, para além do círculo da consciência pensante.

Uma vez que indagamos pelo válido no mundo exterior ao processo cognoscitivo, esta redução importa muito.

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