O sufismo e o desejo que nos procura ...

 

Domingo, 05 de outubro de 2025

No caminho da Filosofia Sufista, uma das pérolas de sabedoria mais transformadoras inverte a própria natureza do desejo: "aquilo que procuramos, também está a nossa procura."

Pare por um instante e reflita sobre seus anseios mais profundos. Não os superficiais, mas aqueles que ardem no fundo da sua alma – o desejo por um propósito maior, por uma conexão genuína, pela paz interior, ou até mesmo por aquela vocação que insiste em chamar. A visão comum é que a nossa mente consciente (o "eu" que raciocina e decide) gera esse desejo. Nós queremos, nós buscamos.

O Sufismo, no entanto, oferece uma perspectiva radicalmente diferente e profundamente libertadora: esses desejos não são "seus" no sentido mundano; eles são a voz da sua verdadeira essência.

Segundo essa filosofia, os anseios mais autênticos não nascem de um capricho do ego ou de uma ambição terrena. Eles são impressões da alma, sementes que viemos plantar e florescer neste plano. Sua alma – sua realidade mais profunda e imutável – já carrega o mapa e o impulso para a sua realização.

Quando você sente uma atração irresistível por um caminho, uma arte, ou uma forma de amar, na verdade, não é o seu ego que está se esticando para alcançar algo. É a sua Alma que está se expressando, ativando o desejo como um mecanismo de retorno. É como se essa "coisa" (o propósito, o conhecimento, o amor) estivesse vibrando em sintonia com a sua essência, usando o desejo como um ímã.

Essa inversão muda tudo:

— Deixa de ser uma luta: 

Se o desejo é uma força que "veio com você" para te guiar, a busca se torna menos uma luta e mais uma rendição guiada. Não precisamos forçar o universo; precisamos ouvir e nos alinhar com a correnteza que nossa alma já iniciou.

— A Procura é mútua: 

Você não está sozinho na jornada. O conhecimento que você busca está "buscando" um recipiente. O amor que você anseia está "procurando" um coração aberto. A verdade que você procura está "desejando" ser revelada. O desejo, nesse sentido, é um chamado recíproco.

O grande desafio, então, é silenciar a cacofonia da mente superficial e do ego para ouvir o sussurro da Alma. O Sufismo convida à purificação do coração e à introspecção para que possamos discernir o desejo verdadeiro (o da Alma) do desejo ilusório (o do ego e da sociedade).

Se o seu desejo mais profundo não é seu, mas sim a necessidade da sua essência para se manifestar plenamente, isso o eleva de uma simples vontade pessoal a um imperativo espiritual.

Portanto, da próxima vez que sentir aquele anseio irresistível, pare de se perguntar: "O que eu quero?" e comece a perguntar: "O que a minha Alma precisa manifestar? Onde está o caminho que já me procura?"

É nesse silêncio e nessa escuta que encontramos a verdade libertadora: Somos mais do que caçadores; somos o destino que está sendo encontrado.

 

"Se essa mensagem tocou você, compartilhe com quem pode estar precisando."

m. trozidio

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