O sufismo e o desejo que nos procura ...
No caminho da
Filosofia Sufista, uma das pérolas de sabedoria mais transformadoras inverte a
própria natureza do desejo: "aquilo que procuramos, também está a nossa procura."
Pare por um
instante e reflita sobre seus anseios mais profundos. Não os superficiais, mas
aqueles que ardem no fundo da sua alma – o desejo por um propósito maior, por
uma conexão genuína, pela paz interior, ou até mesmo por aquela vocação que
insiste em chamar. A visão comum é que a nossa mente consciente (o
"eu" que raciocina e decide) gera esse desejo. Nós queremos, nós
buscamos.
O Sufismo, no
entanto, oferece uma perspectiva radicalmente diferente e profundamente
libertadora: esses desejos não são "seus" no sentido mundano; eles
são a voz da sua verdadeira essência.
Segundo essa
filosofia, os anseios mais autênticos não nascem de um capricho do ego ou de
uma ambição terrena. Eles são impressões da alma, sementes que viemos plantar e
florescer neste plano. Sua alma – sua realidade mais profunda e imutável – já
carrega o mapa e o impulso para a sua realização.
Quando você
sente uma atração irresistível por um caminho, uma arte, ou uma forma de amar,
na verdade, não é o seu ego que está se esticando para alcançar algo. É a sua Alma
que está se expressando, ativando o desejo como um mecanismo de retorno. É como
se essa "coisa" (o propósito, o conhecimento, o amor) estivesse
vibrando em sintonia com a sua essência, usando o desejo como um ímã.
Essa inversão
muda tudo:
— Deixa de ser uma luta:
Se o desejo é uma força que "veio com você" para te
guiar, a busca se torna menos uma luta e mais uma rendição guiada. Não
precisamos forçar o universo; precisamos ouvir e nos alinhar com a correnteza
que nossa alma já iniciou.
— A Procura é mútua:
Você não está sozinho na jornada. O conhecimento que você busca está
"buscando" um recipiente. O amor que você anseia está
"procurando" um coração aberto. A verdade que você procura está
"desejando" ser revelada. O desejo, nesse sentido, é um chamado
recíproco.
O grande
desafio, então, é silenciar a cacofonia da mente superficial e do ego para
ouvir o sussurro da Alma. O Sufismo convida à purificação do coração e à introspecção
para que possamos discernir o desejo verdadeiro (o da Alma) do desejo ilusório
(o do ego e da sociedade).
Se o seu
desejo mais profundo não é seu, mas sim a necessidade da sua essência para se
manifestar plenamente, isso o eleva de uma simples vontade pessoal a um imperativo
espiritual.
Portanto, da
próxima vez que sentir aquele anseio irresistível, pare de se perguntar:
"O que eu quero?" e comece a perguntar: "O que a minha Alma
precisa manifestar? Onde está o caminho que já me procura?"
É nesse
silêncio e nessa escuta que encontramos a verdade libertadora: Somos mais do
que caçadores; somos o destino que está sendo encontrado.
"Se
essa mensagem tocou você, compartilhe com quem pode estar precisando."
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