A crise se inverteu: da escassez material ao vazio existencial ...

 

Sábado, 04 de outubro de 2025

A humanidade sempre conviveu com crises. Durante séculos, a luta primária foi pela sobrevivência: a crise era material. A escassez de alimentos, a falta de acesso à saúde, a ausência de oportunidades e a miséria eram os grandes motores da angústia coletiva. Nesses cenários, o "que fazer" era claro: lutar por mais recursos, mais igualdade e melhores condições de vida.

Hoje, em grande parte do mundo ocidental – e em especial nas sociedades mais conectadas –, essa dinâmica sofreu uma inversão radical. Não se trata de negar as desigualdades materiais persistentes, mas de reconhecer que a crise central se deslocou. Ela já não é primariamente material; ela é existencial e espiritual.

Vivemos na era do paradoxo da abundância. Temos acesso a um volume de informação, bens de consumo e oportunidades de carreira e lazer jamais visto na história. A internet nos conecta a quase todo o conhecimento humano. As prateleiras estão cheias. As telas, vibrantes.

Mas essa fartura não nos trouxe paz. Ao contrário, ela nos mergulhou em um novo tipo de escassez: a escassez de significado.

Se antes o problema era ter poucas opções, agora o sufoco é ter opções demais. Essa hiper-oferta gera uma paralisia. Não sabemos mais o que realmente merece nossa atenção, nosso tempo e nossa energia. A busca pela satisfação material nos levou a uma nova forma de vazio, onde a pergunta "O que eu quero?" é substituída pelo angustiante "O que realmente importa?".

Nossa mente é bombardeada constantemente. Notificações, e-mails, feeds infinitos. O ruído digital tornou-se tão alto que abafou a voz interior, aquela que nos guiaria na busca por um propósito autêntico. Passamos a viver no modo reativo, pulando de uma demanda externa para outra, sem nunca parar para checar a bússola interna.

É aqui que entra a importância urgente da Consciência. Não como um conceito místico, mas como uma prática ativa de auto-observação e discernimento.

Diante da crise existencial, a filosofia e a espiritualidade (em seu sentido mais amplo de busca de conexão e sentido) deixam de ser um luxo e se tornam uma necessidade. Elas nos convidam a um Retorno a Si Mesmo.

Não precisamos de mais informação, precisamos de mais sabedoria. Não precisamos de mais bens, precisamos de mais presença.

A verdadeira liberdade, na era da abundância, reside na capacidade de escolher o que desejamos a partir de um lugar de clareza interior. A tarefa de hoje não é lutar contra a escassez material, mas lutar contra a tirania do excesso e do vazio que ele esconde.

E você, como tem filtrado o ruído em sua vida para escutar o que realmente importa?

 

"Se essa mensagem tocou você, compartilhe com quem pode estar precisando."

m. trozidio

conheça meus livros

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Meu novo livro...

Sabias palavras chinesas...

As Verdades Que Eu Preciso Compreender...