A perfeição cega: o desafio de aceitar o que não entendemos ...
14 de dezembro de 2023
Existe uma humildade vertiginosa em
reconhecer que, mesmo diante da nossa ignorância cósmica — incapazes de
compreender a vastidão do universo ou a teia complexa de nossa própria
existência — ainda assim, somos compelidos a sentir que tudo está,
simplesmente, perfeito. Esta não é uma perfeição de conto de fadas, livre de
dor, mas sim a perfeição da totalidade e da interconexão.
O grande obstáculo a essa aceitação
é a nossa consciência egoica, rigidamente apegada à expectativa de que a
realidade se curve aos nossos desejos. É naquilo que "não é do nosso
agrado" — o sofrimento, a perda, o desvio de planos — que nossa visão de
mundo desmorona. Nesse momento, confundimos a desarmonia em nossa expectativa
com a desarmonia no próprio universo.
A sabedoria filosófica nos convida a
suspender o julgamento. Aceitar que tudo tem uma razão de ser não significa
necessariamente entender essa razão (o que seria uma arrogância intelectual),
mas sim confiar no processo. É um ato de rendição não à passividade, mas à
inteligência intrínseca do cosmos, que opera em uma escala e em um tempo que
nossa mente linear é incapaz de abarcar.
Ao fazer essa escolha de confiança
radical, a escuridão dos eventos desagradáveis não desaparece, mas a nossa percepção
se expande. Começamos a enxergar as crises como elementos funcionais, os
desafios como catalisadores, e o caos aparente como a matéria-prima de uma ordem
maior. É a partir dessa aceitação humilde que a verdadeira paz se manifesta.
"Se essa mensagem tocou você, compartilhe com quem
pode estar precisando."
m. trozidio
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