O preço da sombra: por que fugimos de nós mesmos ...
15 de dezembro de 2023
É um espetáculo melancólico e diário
observar a multidão que caminha pela vida em um estado de sonambulismo
existencial. A maioria se move, trabalha e se relaciona sem jamais ter cruzado
o portal do autoconhecimento. Essa evasão não é um acidente, mas uma escolha —
silenciosa e frequentemente inconsciente — motivada pela aversão ao esforço e à
dor intrínsecos a esse processo.
Conhecer a si mesmo não é um
passatempo agradável; é uma cirurgia da alma. Exige que confrontemos as
sombras, as contradições e as fraquezas que a ilusão habilmente esconde. É
preciso força para encarar a própria incompletude, a responsabilidade pelas
próprias falhas e o terror da própria liberdade.
Diante dessa demanda hercúlea,
muitos sucumbem ao caminho de menor resistência: o prazer da ilusão. A ilusão é
o narcótico social que nos permite acreditar que estamos bem, que o problema
está sempre fora, e que a vida é simples, desde que sigamos as regras. É muito
mais fácil ceder ao apelo do consumo, da distração incessante ou da
autojustificação do que mergulhar no caos interior.
No entanto, essa fuga tem um preço
terrível: a ausência de autenticidade. A vida vivida na ilusão é superficial e
emprestada. O despertar filosófico começa com o reconhecimento corajoso de que
o sofrimento do autoconhecimento, embora intenso, é temporário e construtivo;
já o prazer da ilusão é um paliativo que garante uma vida de vazio crônico. A
verdadeira liberdade reside na luz do que se é.
"Se essa mensagem tocou você, compartilhe com quem
pode estar precisando."
m. trozidio
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