Durante o Caminho de Santiago ...
22 de agosto de
2022
A Dor da
Bagagem Invisível: Uma Lição no Caminho de Santiago
Foi em uma
pequena capela em Cacabelos, no norte da Espanha, que a verdade me atingiu com
a força de um soco no estômago. O cansaço de uma noite mal dormida em
Ponferrada, a jornada até Villafranca del Bierzo — tudo parecia convergir para
um único e irrefutável pensamento. Ali, no 13º dia do meu Caminho de Santiago
de Compostela, a simplicidade do momento me revelou a complexidade da condição
humana.
Eu carregava
uma mochila pesada nas costas, mas a bagagem mais opressiva era invisível. E
foi essa, no silêncio daquela capela, que me obrigou a confrontar uma verdade
dolorosa: quanto maior o orgulho e o ego, maior é a dor física, mental e
espiritual.
O Caminho é, em
sua essência, um exercício de humildade. Cada passo é um lembrete de nossas
limitações. O corpo dói, a mente se cansa, e a natureza nos mostra que somos
apenas uma pequena parte de algo imenso. Tentar controlar o clima, o terreno ou
o ritmo do outro peregrino é um esforço inútil. E é nessa rendição que a
verdadeira jornada começa.
O ego, por
outro lado, é a ilusão de controle. Ele nos diz que somos os donos do nosso
destino, que o mundo deve se curvar aos nossos desejos. O orgulho nos impede de
pedir ajuda, de aceitar fraquezas e de admitir erros. E cada vez que o ego e o
orgulho se inflam, a mochila da vida fica mais pesada. A dor nas costas se
torna a manifestação física de um fardo emocional. O cansaço da mente se
transforma em ansiedade. A alma se contrai com a arrogância.
No Caminho,
somos despidos de tudo que a vida moderna nos oferece. Não há status, títulos
ou posses para nos esconder. Restam apenas nossos pés e nosso coração. E, nesse
despojamento, percebemos que a paz não é encontrada na superação dos outros,
mas na rendição a nós mesmos.
Essa foi a
grande lição que o Caminho me ensinou. Para aliviar a dor, é preciso soltar a
bagagem que não serve mais. É preciso deixar de lado o orgulho, o ego e a falsa
necessidade de ser "o melhor". A verdadeira liberdade está em
caminhar leve, com o coração aberto, aceitando que somos imperfeitos, mas que,
nessa imperfeição, reside a nossa maior beleza.
Você já sentiu
o peso dessa bagagem invisível?
"Se
essa mensagem tocou você, compartilhe com quem pode estar precisando."
m.
trozidio
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