O tempo trabalhando a nosso favor...

Em meu novo livro, que está sendo editado neste exato momento, consta uma passagem que considero adequada para o momento especial que um grande Amigo está vivendo agora...

... depois de três dias caminhando por um vale rispidamente quente e seco, o rapaz cansado e preocupado percebe que a água que ambos carregavam havia muito se acabado. Sem desejar incomodar o Mercador, mas também não resistindo mais sua ansiedade e medo, resolveu questioná-lo:

— Senhor, permita-me fazer uma pergunta:

— A nossa água acabou ontem à noite. Hoje já estamos caminhando por horas e eu não consigo ver nesse deserto a menor possibilidade de encontrarmos água...

O velho olhou afetivamente para ele, entendendo o sofrimento e os temores de quem vive ainda preso à sua racionalidade, respondendo:

— Não se preocupe. Embora não pareça possível, há uma pequena nascente algumas milhas à frente, onde poderemos não só saciarmos nossa sede como também abastecermos nossos cantis.

Assim, depois de mais duas horas caminhando sob um sol escaldante, uma carroça puxada por dois imponentes cavalos, como do nada, passa pelos dois andarilhos, quebrando o silêncio e absurdamente levantando muita poeira.

Quando a carroça se foi e a nuvem de poeira foi se dissipando, o rapaz conseguiu ver ao longe, a pequena nascente que ironicamente ficava no meio da trilha.

Devido a sede, devido ao seu desespero, saiu correndo em sua direção. Assim que foi chegando perto, não acreditou no que os seus olhos estavam vendo: a água estava completamente enlameada e turva devido a passagem da carroça.

Ajoelhando-se no chão, não se conformava com a sua falta de sorte, socando o chão e se lamentando do ocorrido.

— Estamos caminhando há três dias sem encontrarmos uma única alma viva. Quando estamos próximos a nascente, passa uma carroça e faz tudo isso com a água. Isso não é justo! É muito azar.

Nisso, o velho caminhando lentamente se aproxima, com um leve sorrio, não se deixando afetar pela situação.

Indignado, irritado, o jovem balbuciando questiona:

— E agora, o que vamos fazer?

O mercador lançou seus olhos ao garoto e com muita tranquilidade respondeu:

— Agora, agora vamos nos sentar e esperar.

— Sentar e esperar – contra argumentou o rapaz, não aceitando essa condição pacífica de total inércia diante do fato.

— Por favor, sente-se e ouça com o coração.

O menino sabia que quando o velho assumia essa postura mais séria, uma verdadeira avalanche de conhecimento estava prestes a acontecer.

— Meu filho, existem momentos em nossas vidas, onde o melhor a fazer “naquele instante” é nos sentar e esperar o tempo resolver aquilo que, se tentarmos agir, vamos só conseguir piorar a situação.

— Eu sei, eu conheço o teu ímpeto. Mas agora, o melhor que podemos fazer é “PERMITIR” que o Universo trabalhe a nosso favor.

— Mas como? – interrompeu ele novamente, não aceitando ainda essa condição.

— Vamos nos sentar. Estamos cansados, podemos recuperar um pouco nossas energias. Enquanto isso, a natureza faz a sua parte. A lama e a terra, lentamente descerão ao fundo da nascente e, quando menos esperarmos, a água voltará a estar pura e límpida.

— Ninguém aqui tem o poder de fazer isso, exceto o Senhor Tempo. Assim, agora, o mais sábio a fazer é PERMITIR que ele trabalhe a seu favor.  

m. trozidio

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