Agora, agora eu tenho que ir mesmo ...
Ela tocou meu
braço esquerdo, olhou-me pela última vez, virou-se e saiu andando. Acompanhei-a
com os olhos e, para minha surpresa, em vez de vê-la caminhando entre as outras
pessoas, enxerguei a estrada novamente.
Sim, ela
caminhava por aquela mesma estrada que eu vira há pouco: uma estrada linda,
repleta de árvores com folhas avermelhadas, que lembravam o outono. Uma estrada
sem carros ou tumulto, livre, tranquila e sóbria. Consegui vê-la caminhando até
uma curva à direita, que engoliu sua imagem para sempre.
Um vento leve
começou a varrer as folhas secas que pareciam alçar voo sem destino. A cena se
encerrou, estática e eterna, como uma pintura emoldurada na parede do meu
coração.
Confesso que a
tristeza invadiu minhas muralhas sem pedir licença, arvorando suas bandeiras na
linha de frente. Ela se foi, a estrada se foi, mas eu não conseguia parar de
olhar para aquele quadro vivo, imóvel à minha frente.
Como fumaça
branca subindo aos céus, meus pensamentos venceram a gravidade e se lançaram ao
infinito. Chegadas e partidas, mais partidas do que chegadas, faziam parte do
contexto. Com um resquício de consciência, a lembrança se fez presente, me
lembrando que eu deveria seguir o meu caminho, um caminho que, a princípio,
parecia não ter mais fim.
Trecho do meu livro “O Grande Palco”
"Se
essa mensagem tocou você, compartilhe com quem pode estar precisando."
m.
trozidio