Em 2001, eu escrevi isso em meu Diário 5...

Domingo, 26 de agosto de 2001 – às 9 horas e 22 minutos de uma agradabilíssima manhã, depois de uma noite de sono onde pude descansar melhor, sinto-me preparado para novas concepções que surgem com o despertar desse novo dia. Sempre procurando a melhor inspiração para escrever, hoje me sinto bem, disposto e, com muita vontade de marcar uma nova era em minha vida. Tudo, tudo se mostra favorável a essa situação. Depois de quase concluir o escritório aqui de casa, o ambiente já se mostra muito aconchegante, contribuindo assim para aumentar minha vontade de permanecer aqui, escrevendo, estudando, desenvolvendo aquilo que chamo – modestamente – de minha missão. O tempo lá fora, olhando aqui pela janela do 16º andar, mostra-se perfeito. Embora o céu se encontre nublado, num tom mais para cinza do que para o azul, encobre uma brisa agradável que também conspira para um daqueles momentos únicos que, sinceramente posso afirmar: justificam a minha existência.
Não vou dizer que tudo está perfeito. Ainda há pouco, quando levantei, os primeiros pensamentos que me vieram à mente, foram sem dúvida sobre o quanto seria bom se eu pudesse ter todas as minhas manhãs dessa forma. Não consegui, como de sempre, me desvencilhar da preocupação e do incomodo relacionado com a empresa e minhas ocupações dentro dela, que sinceramente me tiram a tão sonhada paz que almejo em minha vida.
Por outro lado, uma nova, uma novíssima concepção me vem com esse despertar, justamente relacionado a tudo isso. De certo que o que eu mais desejo nesse mágico instante, é que tudo pudesse se transformar, como em um maravilhoso filme, onde os milagres acontecem constantemente, e assim, poder mudar radicalmente toda minha vida, transformando meus eternos ideais, em plena realidade.
Não posso negar esses desejos em hipótese alguma. Mas, agora com os pés no chão e, depois de passar quase que a vida inteira tentando conseguir esse feito, sem obter nenhum resultado, começo a analisar outras possibilidades. Outras possibilidades que insistem em mostrar-se também válidas dentro de todo esse contexto. Refiro-me aos desafios. Sim desafios. Como todos sabemos, a vida é recheada desses desafios que por vezes, ou melhor, quase sempre se mostram a própria razão de nossa existência.
Talvez, essa seja a grande fórmula que o Criador possui para nos ensinar, para nos desenvolver preparando-nos assim para algo maior. O ser humano, ao contrário dos outros animais, possui sua racionalidade. Assim, seu poder de adaptação é sem dúvida, o mais evidente e destacado em todo universo. Transformar a vida em plano ideal de existência, seria o almejado. Porém podemos observar que não existiriam assim, os grandes desafios, principalmente relacionados a essa característica de adaptação.
Em meu primeiro livro “Um Convite à Reflexão” o tema principal foi exatamente a plena aceitação de tudo que nos acontece na vida. Lembro, por mais uma vez, que insisti e muito nesse ponto, dizendo que:
“Mesmo que infelizmente não tenhamos a compreensão de tudo que nos acomete em nosso dia-a-dia, ainda assim, esse tudo que acontece, tem um motivo para existir”.
Por outro lado, nossa racionalidade, sempre buscando a exata compreensão de tudo, não aceita essa colocação em hipótese alguma. Em consequência a isso, diante dessa realidade, os sentimentos mais comuns acabam sendo a revolta, a tristeza e de proporções imensuráveis. Enquanto isso, lá fora, a vida continua. Posso ver agora mesmo, olhando pela janela à minha esquerda, várias ruas e avenidas, onde pessoas de carro, ou mesmo a pé, indo de um lado para outro, atrás de seus objetivos. Assim caminha a humanidade, dessa forma sempre foi.
Mas, como mencionei no início deste, uma nova concepção surge para tentar mudar todo esse sofrimento. Dessa vez, não se trata de nenhuma formula mágica, nem mesmo a incitação de milagres divinos na busca de se conseguir o que se deseja. Esta nova concepção baseia-se única e exclusivamente na visão, ou melhor, no ângulo de visão. Há muito tempo também já escrevi que toda situação, toda mesmo, sempre possui vários lados.
— Temos o lado negativo, que carregamos a incrível tendência de favorecê-lo, intensificando-o o máximo que conseguimos.
— Temos o lado neutro, que nesse caso não damos muita importância ou mesmo não nos apercebemos dele.
— E temos também o lado positivo, que por uma tendência natural, quase sempre nos recusamos observá-lo.
Sempre acreditei que o ser humano, concebido à imagem de seu Criador possui o poder de criar, de construir e mesmo o de destruir. Porém, a própria vida já insistiu e muito em me mostrar que só à vontade de fazê-lo não se mostra suficiente. Quando ouvimos a célebre frase de que “Só o Amor Constrói” percebemos que outras variáveis atuam de forma incisiva em todo esse contexto. À vontade de realizar algo, por si só, a própria vida já me mostrou que esse fato possui uma forte tendência de trazer consigo muito sofrimento, dor e angustia, simplesmente por não se ter esse objeto de desejo já realizado. Assim, torna-se fácil aceitar que, toda uma química se faz necessária, na realização de alguma coisa.
Um outro ponto, também julgo ser importante e se faz necessário destacar. Posso recordar muito bem, que todas as minhas principais realizações, não aconteceram em momentos em que eu estava buscando-as. Embora sempre as carregando no coração, elas surgiram em momentos em que meu estado de espírito encontrava-se absolto, livre do sofrimento e a preocupação de não as possuir naquele exato momento. Lembro também, de uma outra verdade necessária para essa compreensão, que está relacionada à própria vida: “A Vida, só pode ser vivida no presente”. Isso quer dizer, que todo aquele futuro que almejamos só pode ser construído nesse exato momento em que nos encontramos agora, e os sentimentos que trazemos nesse exato “agora” podem ser o ingrediente que falta para que junto à vontade, venham conceber a química necessária à realização.
Tentando agora fechar toda essa conclusão, misturando um pouco o “ponto de vista” relacionado a tudo que acontece em nossas vidas, com a “Plena aceitação de tudo”, mais a certeza de que: “O que sentimos agora, é também responsável por nossas realizações”, para afirmar que podemos mudar completamente nossas vidas, começando com a apreciação de um ângulo de visão mais voltado ao lado positivo, em relação a nossa atual situação.
Sem que nada, absolutamente nada de novo tenha acontecido, ainda assim, podemos desde já, nos sentirmos melhor, aliás, muito melhor se nos basearmos exatamente no lado positivo de tudo que somos e que nos acontece.
Tenho plena consciência de que o meu mais profundo desejo agora é o de mudar a minha vida, principalmente em relação ao meu lado profissional. Gostaria e muito, de sair do meu emprego, me livrar de todos os problemas e aborrecimentos que ele me traz, e poder me dedicar aos meus livros, tendo este, como minha fonte de renda, garantindo assim meu sustendo e o de minha família. Acredito que só eu e Deus, somos capazes de saber o quanto eu desejo isso. Mas, também tenho que ter em mente, que esse desejo sublime, traz consigo todo o sofrimento que hoje vive o meu coração. E acredito, que esse sofrimento pode ser um dos maiores obstáculos que impede essa realização.
Não posso continuar inserindo nesse erro por toda vida. Tenho que mudar esse comportamento. E é exatamente isso que tento fazer agora, por mais uma vez, procurando entender todo esse mecanismo da vida, aprendendo com os meus próprios erros e tentativas, procurando a harmonia necessária para viver feliz.
Para isso, procuro agora um novo modelo de vida, que esteja dentro destes conceitos. Posso começar, com uma mudança radical no que se relaciona ao “ângulo de visão” sobre tudo que hoje vivo, sem procurar em hipótese alguma, sofrer com aquilo que me vejo obrigado a viver hoje. É importante deixar claro que, não se trata de mais uma vez se alto enganar, como tanto temo, mas sim, de olhar a vida, olhar tudo que tenho hoje, de um ponto diferente, olhar exatamente o lado positivo de tudo isso. Como disse ainda há pouco, todas as situações possuem vários lados, inclusive o lado positivo que geralmente nos recusamos a perceber. E é exatamente esse lado que devo dar maior importância.
Pensando bem, realmente posso fazer inclusive uma relação de tudo que é positivo em minha vida, mesmo se tratando desse que até então eu chamava de “O Inferno de Dante”. Tentando manter-me vivo, até ontem, eu pedia ao meu Pai, que me ajudasse a ter paciência com o meu trabalho, com os meus superiores, enfim, com tudo aquilo que eu não gosto, com a finalidade de não vir a cometer nenhuma besteira nesse sentido. Hoje, no entanto, percebo que o que mais preciso não é de paciência, mas sim, de percepção para enxergar o lado positivo de tudo isso que, pelo menos por enquanto, onde é que eu preciso financeiramente.
Então, a partir de agora, vou dedicar um esforço maior nesse sentido, procurando um sentido maior, procurando esse lado positivo em tudo que eu tenha que fazer, ou que “sou obrigado a fazer”. Não acredito ser uma tarefa muito difícil. Basta um pouco mais de empenho de minha parte e principalmente consenso para me entregar a essa nova atividade.
Existe também, outro lado a ser colocado em evidência nesse caso. A questão relacionada à fé. É de conhecimento geral, de que toda a incerteza, a insegurança que carregamos em nossas vidas, é consequência direta dessa falta de fé, de confiança em todo o processo que compõe nossas vidas. Essa questão mostra-se muito importante em todo trabalho que venha a ser desenvolvido.
É evidente que todo o sucesso dessa nova investida, vai depender diretamente do meu empenho em fazer desse novo comportamento um novo modelo de vida. Não posso, mais uma vez, conduzir este processo como das vezes anteriores, onde bastaram apenas algumas horas, lá dentro da empresa, para que tudo viesse a ser destruído em questão de segundos. Tenho que ter em mente, que os problemas vão continuar da mesma forma como antes, e em todos os sentidos. A grande diferença agora, é que vou procurar exaltar, o que de bom tudo isso possa estar me proporcionando, e o mais importante, o que posso estar aprendendo com tudo isso.
Agora – às 16 horas 9 minutos quando o dia continua nublado. Por mais que sol tentasse, não conseguiu se manter por muito tempo. A janela à minha esquerda, agora fechada com o vidro, devido ao vento gelado que invade minha sala de trabalho, ainda me permite continuar vendo a cidade, quase que parada hoje, em razão do domingo. Quanto a mim, depois de um pouco de descanso, onde pude até sonhar com alguma coisa relacionada ao que escrevi ainda pela manhã, não resisti ao convite que o próprio computador, insistente, me fazia.
Nesse momento, depois de traçar os novos planos, como descritos acima, continuo afirmando a necessidade de conceber uma nova obra. Há muito tempo, anos que não escrevo um novo livro – inteiro – completo. Embora tivesse iniciado várias obras, ainda assim, não consegui terminar nenhuma.


m. trozidio

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