Investigando as raízes do sofrimento...
A Raiz do
Sofrimento: uma investigação filosófica
Buda dizia que o
desejo é a raiz do sofrimento. Esse postulado está absolutamente correto, mas
qual é a raiz do desejo? Ele não pode ser a causa primária, já que também tem
uma causa.
Para darmos
início a essa investigação, precisamos entender por que temos desejos. E a
resposta é simples: desejamos por não estarmos felizes com o que temos, com o
que somos, com o que experimentamos. Ao nos sentirmos angustiados, é natural
que criemos desejos e anseios.
O desejo é
sempre uma compensação e, muitas vezes, é usado como um sedativo. O desconforto
da alma pode ser neutralizado com o prazer, e como tudo que desejamos é ter uma
vida prazerosa, o desejo se torna o pai de todos os nossos vícios. Muitas
vezes, confundimos isso com a felicidade, sem perceber que, na verdade, estamos
apenas em fuga, fugindo de um desconforto que, quase sempre, desconhecemos.
Nesse caso, a
raiz do sofrimento não é mais o desejo, mas sim o desconforto, pois é ele que o
cria.
Descemos mais um
degrau, mas não é o suficiente. O desconforto também tem uma fonte, e para
prosseguir nesta investigação, precisamos conhecê-la.
Todo desconforto
humano é provocado pelo medo, um ser camaleônico capaz de se apresentar sob
diversas formas. O medo pode aparecer sob o manto da timidez, da vaidade, do
orgulho, da ambição, da ansiedade, da carência, e inúmeros outros vícios
mentais. Ele é capaz de usar várias máscaras.
O medo é a causa
de todo e qualquer desconforto humano. Mas, afinal, qual é a causa do medo? Já
se perguntou por que esse gigante da alma é tão poderoso?
Ninguém teme
aquilo que conhece; nós tememos apenas o que desconhecemos. Portanto,
encontramos a causa do medo: a ignorância. Não é óbvio que, quando
compreendemos algo, quando aprendemos como funciona a dinâmica de um fenômeno,
o medo pura e simplesmente desaparece?
A raiz do
sofrimento, a partir dessa investigação, descendo mais um degrau, portanto, não
é mais o medo, mas sim a ignorância. Somos ignorantes de nossa verdadeira
natureza, e é por isso que sofremos e vivemos uma vida de escravidão dos
desejos.
O homem é
conduzido para o abismo pelos próprios desejos, hipnotizado pelo prazer e preso
nas sensações grosseiras da matéria. Esse é seu ponto fraco, e a partir dessa
fragilidade ele se torna manipulável. Para atrair um animal para a armadilha,
precisamos seduzi-lo com algo que ele goste. Simples assim.
Prazer e dor são
faces da mesma moeda; tudo, na realidade, é dor. Até mesmo para sentir prazer,
o indivíduo precisa ser envolvido por sensações que, muitas vezes, são
provocadas por algum tipo de agressão. A bebida precisa arder, a fumaça do
cigarro que entra a 80 ºC no pulmão precisa queimar para dar prazer, a fricção
no ato sexual precisa acontecer. Prazer e dor, eis o binômio.
O que seria a vida sem o prazer? Seria uma vida de bem-estar. Beber te dá prazer; não beber te traz um bem-estar. Fumar te dá prazer; não fumar te traz um bem-estar, e assim por diante. O caminho da realização é sempre o caminho da renúncia.
O
grande problema da alma humana, portanto, é a ignorância. A ignorância é a
ausência de luz, de conhecimento. Enquanto não desenvolvermos nossa
consciência, seremos conduzidos por nossos desejos.
Entende agora por que foi dito: “Conhecerás a Verdade e ela vos libertará”?
"Se
essa mensagem tocou você, compartilhe com quem pode estar precisando."
m.
trozidio