Pense Um Pouco Em Tudo Isso...

Era uma vez, um homem que cultivava a modéstia, não por que desconhecesse as coisas, pelo contrário, porque sabia muito.

Suas palavras simples e serenas expunham, à perfeição, as mazelas que pressionavam o povo e a nação.

Se você acredita em Deus, então ele existe.

Ordem aqui tem um sentido de Lei. Só que não é uma Lei comum. É uma Lei de cuja origem não se tem notícia, mas que vem funcionando antes que o mundo fosse mundo, ou que o Universo fosse Universo.

Uma Lei feita pelo homem pode ser justa ou não, certa ou errada, boa ou má. Pode inclusive ser obedecida ou não. Uma Lei natural, como por exemplo, a Lei da Gravidade, tem mais extensão. Ela atua, ao que se saiba, em todo o Universo.

Mas, o que é gravidade? Gravidade é a Ordem que determina que tudo que for solto no ar, cai na terra, ou seja, o corpo maior, sempre atrairá um corpo menor.

Nenhum planeta poderá deixar de cumpri-la. Nenhuma galáxia deixará de sentir sua mão forte. No entanto, a gravidade não se aplica a certas coisas mais sutis, como por exemplo, o pensamento. Não temos conhecimento de uma balança que marque o peso de uma idéia.

Uma Ordem tem outra conotação: ela se aplica a tudo o que existe, gente, animais, pensamentos e estrelas. Ninguém a pode desconhecer, porque ela está acima de qualquer coisa.

Ela não manda, nem os outros a obedecem. Uma Ordem não é uma Lei. De alguma forma foi estabelecido que assim fosse. Não importa quem estabeleceu; digamos simplesmente, que uma Ordem é assim por definição.

Nada escapa a essa Ordem. A Ordem estava presente antes do começo, e estará depois do fim. A Ordem atua no passado, no presente e no futuro, ao mesmo tempo.

Imagine o Universo e todos os seus fatos, amarrados como uma imensa rede de pesca. Esta rede se estende em todas as direções, em todos os níveis e em todos os tempos.

Como cada fato está em um nó todos os pontos mantém algum tipo de relação. É o Tao que mantém a Unidade desta fantástica rede.

Cosmos é um Universo organizado, ao contrário do Caos, que é um Universo desorganizado. Isto significa o seguinte: num Universo organizado, cósmico, todos os planetas, cometas, estrelas, estão dispostos segundo determinadas Leis naturais.

Um não invade o espaço do outro, caso contrário, teríamos uma enorme catástrofe. Explosões, fogo, um verdadeiro inferno...

No Caos, reina a confusão. Ninguém obedece a nada. Cada qual tem sua própria Lei. Todos têm plena liberdade, e fazem uso dela indiscriminadamente.

Desta liberalidade, resulta uma enorme balbúrdia. Imagine uma sociedade onde cada qual fizesse o que lhe viesse à cabeça, não importando seu vizinho. Tudo viraria um Caos.

Na verdade, o Caos é apenas uma idéia, porque realmente ele não existe. Para existir, seria necessário que ele tivesse alguma lógica, e nesse caso, deixaria de ser Caos e seria um Cosmos.

Guarde bem isto: todas as coisas devem ter um mínimo de organização para poder existir, ou inversamente, tudo o que existe, é organizado.

O nosso Universo é cósmico, simplesmente porque ele existe. E por mais confuso que você o possa julgar, ele continua sendo cósmico. Mesmo que a paz não reine absoluta em nossos mundos, ele está aí para quem quiser ver.

Nosso Universo tem lá seus pecados, o que não o impede de continuar existindo. E isto vem acontecendo há bilhões e bilhões de anos. Imagine um pacote comum de arroz. Os grãos apresentam-se mais ou menos enfileirados, como se obedecessem a uma seqüência.

Agora, corte o pacote e deixe o arroz fazer o que ele bem entenda. O chão ficará cheio de grãos por todos os cantos: um verdadeiro Caos. Organizar este Caos vai dar um enorme trabalho.

Se a quantidade for muita, digamos um verdadeiro celeiro, você gastaria a vida toda para repô-lo em seu lugar. Se fosse mais ainda, uma quantidade tão grande como o Universo, ninguém iria conseguir dar conta da tarefa. Teria que ser algum tipo de super-homem ou deus.

Organizar todo o Universo e mantê-lo funcionando harmonicamente, é tarefa do Tao. Cada vez que alguma coisa está fora do lugar, instantaneamente o Tao providencia algo para tomar o espaço que ficou vago.

Às vezes pode demorar algum tempo para um gás preencher o vazio deixado por uma estrela que explodiu. A providência, no entanto, foi tomada no ato da explosão.

Esta é a razão porque todas as coisas estão sempre mudando. Se você fotografar o Universo, uma fração de segundo depois ele já não será mais o mesmo.

Há sempre algo ocorrendo e que provoca um desequilíbrio, seguido de uma ação do Tao, que faz tudo voltar ao normal por assim dizer.

Até em nossas menores ações, existe o inevitável fato da quebra do equilíbrio existente e do conseqüente reequilíbrio, provido pelo Tao.

Imagine o Universo como se fosse feito de espuma de sabão. Nunca será o mesmo de agora, nem de ontem, nem amanhã, nem nunca.

Em nosso texto, cósmico e harmônico andarão sempre juntos. Quando dizemos que o Tao é harmônico, estamos afirmando que ele é perfeito em si. Diz-se com freqüência, que ninguém pode dar o que não tem.

Diriam os chineses, que há dez mil maneiras de se recorrer a esta mágica; todas elas, no entanto, pedem um mínimo de serenidade daquele que pretende receber este benefício.

O Tao necessita de um espaço vazio e tranqüilo para prover sua atuação reequilibrante. Esta serenidade física e mental pode ser alcançada mediante exercícios, posturas ou simplesmente pela disposição de espírito.

É preciso, efetivamente, desejar a cura para ser curado. Entre essas disposições de espírito mais adequadas ao entendimento ocidental, existe uma chamada wu-wei ou não-fazer, que nada mais é do que deixar a mente momentaneamente vazia e livre das preocupações, e fisicamente não fazer nada, absolutamente nada.

Este não-fazer, não é uma atitude de alienação, é antes de tudo uma postura propositadamente receptiva. O fato de possuirmos inteligência e racionalidade, sem dúvida alguma dificulta assumir esta disposição, o mesmo não ocorrendo com os animais, que mais facilmente atingem um estado de quietude.

O verdadeiro caminho passa muito mais pela intuição do que pela razão.

Num dos lados do Tai-Chi está o fazer e no outro, o não fazer. Ao optar pelo não fazer, o sábio na verdade, não está se escusando da realização. O não fazer e, obter resultados é uma das coisas mais incríveis do Tao.

Como isso é possível? Através de uma atitude mental denominada wu-wei ou mente vazia. O indivíduo não deixa de agir por preguiça ou alienação, pelo contrário, ao esvaziar sua mente das preocupações com a questão, fica aberto o espaço para que o Tao atue, conseguindo sempre o melhor resultado possível.

Anote, pois, isso é muito importante! Às vezes antes de um exame, resolvemos esquecer e relaxar, ou então esperar que um sonho nos revele a solução de um problema.

Isto é uma forma muito eficiente do wu-wei. Quanto mais você exercita a mente serena, mais questões podem ser resolvidas pela ação do Tao.

Ele só pede que sua mente esteja o mais tranqüila que for possível. A ação do Tao sendo reequilibrante restabelece a harmonia entre os dois lados do Tai-Chi, vale dizer, da questão em pauta.

No caso do exame, dá o conhecimento que complementa o desconhecimento. Um sábio seria então, aquele que domina de tal forma essa arte, que poucas vezes precisa interferir pessoalmente.
A ação do Tao, esta Ordem universal e harmônica, se faz sentir por nossas atitudes e comportamento. Há, portanto um pré-requisito para que o Tao atue e resolva ou aponte a correta direção da questão:

Temos que manter um comportamento físico e mental o mais sereno e tranqüilo que pudermos. Não é tão difícil assim e é agradável.

Nos pequenos casos, uma simples relaxada é suficiente. Nos grandes casos, é preciso um maior afastamento mental da questão. Isto só pode parecer incrível para quem ainda não viu a coisa funcionando.

Só é preciso que você relaxe um pouco os músculos, andando ou parado, e desligue por alguns segundos o interruptor da mente.

Se você fizer isto os primeiros resultados se farão sentir - acreditando ou não no Tao. Você não precisa abdicar de suas idéias filosóficas, políticas ou religiosas.

O homem simples, como dispõe de pouquíssimas informações, utiliza em muito maior escala, sem censura, as coisas que não se aprende na escola: bom senso, lógica inata, intuição, experiência de vida.

Se alguém tido como sábio mostra orgulho e vaidade, então ele não passa de um ignorante. A cultura limita o homem, a sabedoria expande.

E é aí que a coisa deixa de funcionar direito. Os grandes problemas existenciais do ser humano e que pedem uma resposta urgente, estão muito mais ligados a sensibilidade e à intuição, do que à cultura e à razão.

Há um ditado popular que diz:

"O coração tem razões que a própria razão desconhece".

trozidio

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