Estudando o Tao - parte - 24

Estudando o Tao: A Lógica da Contramão e o Risco de Viver para o Ter

38. "Aos tolos, parece retroceder quem está avançando"

É exatamente assim. No nosso dia a dia, quem adota os métodos convencionais para crescer profissionalmente — subindo na carreira e usando os atalhos conhecidos — é visto como alguém perfeitamente "encaixado" no sistema.

Embora usar os colegas como degraus seja visto como algo repulsivo, essa mesma atitude é, na prática, aceita como uma espécie de "consciência informal" do jogo corporativo. Essa hipocrisia é a marca de muitos fenômenos sociais. Falamos de forma mansa, mas afiamos a língua; roubamos ideias produtivas; e testemunhamos injustiças rotineiramente.

Quem quer fazer parte do sistema precisa conhecer e seguir as regras do jogo. E se elas contradizem a moral vigente? A resposta do sistema é: "adapte-se ou mude a moral". Afinal, a moralidade é feita de barro, maleável para a ocasião.

Os tolos são aqueles que nadam e se afogam na lógica social. São os que, consciente ou inconscientemente, aplaudem as mazelas corporativas. Eles nunca terão um pensamento verdadeiramente criativo ou humanitário. E se tiverem, ele será rapidamente rejeitado e substituído.

Entre as pessoas que questionam esses valores desumanos, algumas buscam um esclarecimento sobre o que é verdadeiramente válido. O que vale a pena? Qual é o caminho certo? Esses novos caminhantes sentirão as dificuldades iniciais causadas pelos próprios hábitos e serão constantemente pressionados pelo sistema, que se sente ameaçado.

Aqueles que desistem no meio do caminho são os verdadeiros tolos. São loucos que continuam a alimentar a máquina que os consome como lenha na fogueira social. E são justamente esses tolos que julgam os que decidiram seguir uma trilha diferente.

 

39. "Quem vive só para a matéria, está a um passo de perdê-la"

Viver para a matéria é estar tão absorvido por negócios, trabalho e bens de consumo que não sobra tempo nem interesse para as coisas do espírito — filosofia, música, poesia, cinema, teatro.

Conheci uma pessoa incrível que, ainda jovem, decidiu parar de trabalhar. A decisão foi irredutível, pois sentiu um forte chamado interior: precisava de tempo para pensar e se expressar. Em tempos antigos, essa atitude seria aceitável, mas hoje ele seria considerado louco e irresponsável. Ele dizia:

“Não vi escrito em lugar nenhum que meus padrões teriam que ser esses ou aqueles. Acredito que posso contribuir do meu jeito. Acho que as coisas estão muito erradas.”

E assim ele vive até hoje, de convites. Fica a pergunta: essa pessoa é pobre?

Bem, ele pode não ter dinheiro, mas, por seus méritos pessoais, é uma das pessoas mais ricas que conheço.

Ao afirmar que "quem vive só para a matéria está a ponto de perdê-la", o Tao Te Ching nos alerta que a matéria é fugidia e perecível. E, como já sabemos, você só pode apreciar de verdade uma pintura ou um objeto de arte quando o seu espírito está presente, quando a sua mente não se distrai com o valor material ou a utilidade da peça.

Ver por ver, ter por ter, é o caminho mais rápido para perder a joia que já temos em mãos.

 

"Se essa mensagem tocou você, compartilhe com quem pode estar precisando."

m. trozidio

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