Estudando o Tao
Parte – XV
continuando...


18- "O Tao não exige gratidão"

Devemos ser gratos a todos aqueles que nos fazem um favor; é uma afirmação bastante comum e natural. Existe uma palavra que expressa o feio sentimento daqueles que não são reconhecidos: ingratidão.

Há um consenso de que a ingratidão é uma das expressões mais negativas do ser humano. Ser ingrato é ser traidor, falso, não ser merecedor de nossa mínima consideração.

Espera-se que um favor, uma gentileza, seja reconhecida e retribuída se a ocasião aparecer. Este compromisso está de tal forma arraigado em nosso pensamento, que é praticamente impossível imaginar que poderia ser diferente.

E os dias vão passando e ficamos aguardando a paga do favor que fizemos. Algumas pessoas afirmam com bastante ênfase, que jamais esperam reconhecimento ou recompensa, e por isso não se frustram nos casos de ingratidão.

O que ocorre com você? Você se aborrece, não liga ou o que?

O Tao é uma Ordem cósmica e universal, Lei que rege todas as Leis e é absolutamente justo, implacavelmente justo.

A harmonia que ele promove, não depende de raça, religião, orações, pedidos, méritos, nada..., e nem poderia ser diferente. Ele não é você ou eu. Não guarda mágoas nem rancores. Isto é atitude pequena, incompatível com seus atributos.

Se o Tao agisse de forma diversa, se ele atendesse apenas àqueles que suplicam, rogam, bajulam, certamente poderia ser tudo, menos o Tao.

A afirmação de que o Tao não exige gratidão, nos causa certa espécie, dando a falsa impressão de que ele é tão arrogante que, feito o favor, dispensa a gratidão.

Evidentemente não é isto. O Tao não exige nem precisa de gratidão, porque ao fazer o que ele faz, simplesmente realiza o atributo da ação justa.

Faça a coisa certa, diz o ditado. E é isto que o Tao faz. Não existe assim "favores" feitos ao Tao ou pelo Tao. Ele faz o que tem que ser feito. A chuva cai, porque tem que cair.


19- "O valor de uma panela não está em seu metal, mas no vazio que contém"

Afirmações como esta, são claramente orientais. Nós, do ocidente, não estamos acostumados a fazer este tipo de imagem. No entanto, elas têm uma beleza intrínseca que agrada a todos.

Panela...

Que importância pode ter uma panela além de sua utilidade na cozinha?

Aqui, a compreensão do seu TODO, é fundamental. Uma panela apresenta o lado de fora (o metal de que é feita) e o lado de dentro (o espaço útil). O lado de fora, equivale ao corpo ou matéria, enquanto o seu interior vazio, corresponde à mente ou espírito.

Temos um corpo e uma mente. A mente deverá dispor de um "espaço vazio" para poder aprender. Ao homem que soubesse tudo sobre todas as coisas, não sobraria espaço para aprender mais nada.

Uma panela cheia até a borda, não suporta nem mais uma gota. Este raciocínio pode se estender do micro ao macro, de um átomo a uma galáxia. O conhecimento, o aperfeiçoamento, a sabedoria, a harmonia, necessitam de espaço para se fazer presentes e atuantes.

Compreende-se, portanto, que, se o Tao é a Ordem responsável pela harmonização do conjunto humano, também ele necessita deste espaço.

Fornecer espaço em nossa mente, isto é, pacificá-la das preocupações que nos estejam assolando, é o único requisito para se atingir a solução do problema que estiver em questão.


2O- "O sábio orienta"

Encontramos com muita freqüência no ambiente de trabalho, aquele chefe que não treina seus subordinados por medo de perder a sua posição. É inevitável que nestes casos, apareçam conflitos do tipo disse me disse.

O subordinado reclamando que agiu assim por desconhecer determinada regra. O chefe por sua vez, acusa o chefiado de má fé ou incompetência, afirmando que disse sim, que orientou sim.

Nesta detestável arena de confronto desigual, o que tiver a posição mais fraca, perde a luta. Sempre. Infelizmente estas ocorrências são mais comuns do que se pode imaginar.

Não se trata somente de insegurança. A esta, soma-se o fato das chefias que efetivamente não sabem treinar ou delegar. O resultado final é a perda de eficiência do conjunto e o nascimento de inimizades ferozes.

Haverá sempre alguém dentro do sistema, que achará uma justificativa para tais procedimentos: vale tudo, desde que a máquina continue funcionando.

Afinal, é plausível esperar-se outra coisa de um mundo em que os valores materiais reinam absolutos?

Eu conheço e você conhece diversos chefes que não agem assim. Se nós os conhecemos, é porque são uma minoria. E são mesmo.

Existe uma coisa chamada síndrome do balcão: é o bastante estar por trás de um balcão ou mesa, para muitos se considerarem em posição superior àqueles que se valem de seus serviços.

Isto tanto pode acontecer em um hospital, numa empresa, num transporte público, numa recepção. Aquele que delega, que ensina, mesmo sabendo que poderá se prejudicar, e o faz por ser esta sua tarefa, age virtuosamente.

O homem sábio, vai muito além disso. Instrui sem restrições e se alegra com isto. O crescimento pessoal, demanda economia de energias pessoais, para que estas sejam canalizadas para o processo de aperfeiçoamento.

Assim, treinar e delegar, passa a ser imperativo. E se for feito com amor e respeito, as virtudes serão acumuladas.

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