Estudando o Tao
Parte – XIV
continuando...


14- "O sábio não luta para impor suas idéias e por isto é inatacável"

O que é melhor e mais eficiente? Tentar convencer o mundo que você é um gênio, ou simplesmente deixar que o tempo e as situações se encarreguem disso?

Achar-se um gênio, é uma coisa um tanto extravagante nos dias de hoje; lembra-se de Dalí? Convencer os demais disto é mais tolo ainda. Quem sabe, não precisa dizer que sabe.

Quem é, não precisa afirmar coisa alguma. Os exemplos, as atitudes e as palavras, são o passaporte do homem realmente grande. É admirável ouvir-se uma palestra desta gente.

As palavras fluem com tal naturalidade e segurança, com tanta consistência e decência, que não há lugar para enganos, nem para dúvidas do ouvinte. Gente assim dignifica a raça humana.

Se todas nossas idéias forem expostas com clareza, consistência, seriedade e modéstia, quem precisa brandir outras espadas que não a do real conhecimento?

São estas pessoas de grande sabedoria, que justificam todos os esforços direcionados ao aperfeiçoamento pessoal. E estas pessoas são de fato inatacáveis, porque não há nada, nada que diminua seu brilho.


15- "Assim como não se enche um vaso mais do que sua capacidade, assim nós temos nossos próprios limites"

O sucesso que eventualmente alcançamos, tem muitas vezes a conseqüência de encher o nosso ego de um sentimento de auto-suficiência, que é multiplicado por uma natural vaidade.

E isto não é bom. E não é bom porque efetivamente na próxima vez que tivermos que tocar em um assunto um pouco mais complexo, talvez não tenhamos estofo para expô-lo tão bem.

E aí vem uma sensação de frustração muito desagradável. Podem acontecer então duas coisas: ou nós tomamos consciência de nossa própria limitação e ignorância, ou mergulhamos cada vez mais fundo em nossa própria insensatez.

Alguns estudiosos afirmam que o cérebro humano tem uma capacidade muito maior do que a que ele desempenha. Por outro lado, a prática tem mostrado que temos mais facilidade para determinados assuntos e mais dificuldades para outros.

Existem certos testes psicológicos que têm como objetivo verificar exatamente estes pontos: o poder de lidar com fatos abstratos, habilidades manuais, memória, frustrações, criatividade, etc.

O erro não está em se ignorar uma coisa, já que isto é fato perfeitamente normal. O mal está na falsa auto-suficiência. O orgulho impele certas pessoas a assumir tarefas para as quais não estão preparadas, e talvez nunca venham a estar.

Não é à toa, portanto, que o sábio delega constantemente. A sua competência nesta área é tão notável, que é comum que muitas pessoas os acuse de inatividade.

Tal observação é obviamente movida por má fé ou ignorância. Os melhores chefes delegam não por ignorar o assunto, mas para que seu papel de supervisão seja efetivamente exercido na obtenção de resultados eficazes. Saber nossos limites é a modéstia na busca da perfeição.


16- "Depois das homenagens, o caminho indica o desapego às recompensas"

Cada um de nós tem valores e méritos. Ninguém deixa de possuí-los. Esta verdade preserva a harmonia geral. E é exatamente por isto, que a observação acima se aplica a todos.

Cada vez que nos aprofundamos em nosso entendimento do Tai Chi, o símbolo do equilíbrio universal, a seqüência de um fato nos parece mais clara, ou pelo menos mais aceitável. Em suma, fica patente o outro lado da moeda.

No tema aqui abordado, se fala em homenagem, em reconhecimento, elogio, etc. E aí, como exercício, nós podemos perguntar:

- O que deveria acompanhar aquela homenagem a nós prestada, de forma que nossa harmonia interna fosse preservada? Que não fôssemos tomados por um vulgar sentimento de vaidade ou de orgulho menor?

Existem muitas pessoas que apoiadas em um elogio muitas vezes merecido, tornam sua tarefa constante a de trabalhar e fazer tudo para continuar recebendo homenagens, mesmo que imerecidas.

É a forma de alimentar o seu ego que cada vez mais incha, tornando esta pessoa profundamente egoísta, quando despreza os passos éticos ou morais que medirão sua caminhada rumo ao que chama sucesso.


17- "Quem é sábio, não precisa de erudição"

Durante nossa vida, acumulamos conhecimentos que, espera-se, algum dia, serão de valia. Numa formação completa, passamos pelo ensino elementar, que fornece os conhecimentos mínimos para nossa sobrevivência.

Em seguida por um 2o.ciclo , responsável pelo aperfeiçoamento das armas com as quais enfrentamos o mundo e nos dá a base para nos profissionalizarmos no ensino universitário.

São quase 2O anos de estudo formal. Consta, que os antigos gregos, estudavam além da aritmética e da linguagem, poesia e filosofia. Este povo, de estudo limitado, nos deixou não obstante, figuras da maior estatura, notáveis representantes da raça humana.

O Tao-Te-Ching, ao repetir certos temas como este, não está sugerindo que se deva desprezar o estudo formal e a erudição. Não é isto. A citação apenas nos alerta para o perigo que representa confundir uma coisa com outra.

Sabedoria, não depende de cultura ou de conhecimentos de alto nível. Também o erudito não é necessariamente um intelectual, nem o ignorante será, por esta razão, um sábio.

A sabedoria é o acúmulo de experiência de vida e de intuição. Como é possível atingir-se um estado de sabedoria? Isto é conseguido com a idade, com a vida e com a mente aberta para o intuitivo. Supletivamente por uma coisa mágica chamada iluminação.

A iluminação é um carisma, um dom recebido, que permite ao indivíduo perceber a síntese sem necessidade de fazer a análise; sentir o todo sem dividi-lo nas partes.

Um sábio, iluminado ou não, sente que a erudição, por maior e mais primorosa que seja, não cobre todas as necessidades do ser humano. Daí dedicar-se com igual empenho, na busca daquele estado que o permita apontar um problema, e ver sublimada a solução.

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