Estudando o Tao
Parte – XIII
continuando...

11- "Porque o sábio pouco cuida do material; seu Eu evolui"

Onde está o erro em nos preocupar com o ganhar a vida, poupar, prever, prover, gastar...?

Não há erro nenhum quando as coisas são feitas de maneira moderada. É preciso entender que a moderação é o mesmo que harmonia e equilíbrio. O exagero no trabalho pelo trabalho, nas poupanças e provimentos, são atitudes insensatas.

Por que insensatas?

Porque o ser humano possui duas partes distintas: a material e a espiritual.

Até os mais incrédulos sabem que isto é uma verdade. Não importa como você encara o espiritual, se de forma metafísica, biológica ou sentimental. O fato é que o material é palpável e o espiritual, não.

O Tai-Chi, que nos lembra as partes em harmonia, sugere claramente a matéria de um lado e o espírito de outro. São portando as duas faces da mesma moeda, ou se preferirmos, pares complementares.

Ora, a dedicação exclusiva à matéria, estaciona o indivíduo num certo patamar. Afinal, foi dito no Tao-Te-Ching, que o valor das coisas é medido pelos vazios e não pelos cheios: uma panela ainda tem valor, se contiver espaço disponível.

O mesmo se dá com uma sala. A um recipiente cheio, nada mais se pode acrescentar, porém naquele que dispõe de espaço, o crescimento ali se instalará.

Esta é a razão pela qual o homem mundano, é o que mais necessita e TEM as condições para seu crescimento global. Evidentemente, ninguém pode obrigar ninguém a fazer aquilo que não quer.

Existem milhões e milhões de pessoas que estão muito satisfeitas e felizes, levando uma vida exatamente da maneira como o mundo a apresenta. Os conselhos e sugestões que se possam dar, são absolutamente inúteis e impertinentes.

Os processos de aperfeiçoamento funcionam como um tipo de prática esportiva: se a pessoa está bem no seu íntimo NÃO QUER nadar, ela jamais aprenderá a nadar, a não ser quando por necessidade for obrigada.


12- "A virtude é como a água, modesta em sua adaptação"

Foi dito que o sábio é firme nas questões de Justiça. Ao se falar aqui em adaptação, poderíamos supor então que a Justiça é maleável conforme o caso?

Quando o assunto é o Tao, a Justiça de que falamos é um valor absoluto, universal, permanente e imutável. Quando o assunto é o mundo, a Justiça leva o sobrenome de Direito e sofre constantes revisões de acordo com os usos e costumes vigentes naquela sociedade e naquele tempo.

Na citação, o verbo adaptar, tem o sentido de envolver, como um envoltório. Por exemplo: se você é um professor, sua didática deve se adaptar às circunstâncias ou ainda, deve envolver cada aluno em seu aspecto global.

Imagine o indivíduo mais arrogante e vaidoso que você já conheceu. Um diálogo com seus subordinados poderia ser alguma coisa do tipo:

- Sua produção está muito baixa!
- Estou com sério problema na família...
- Isto é problema seu, eu quero produção!

Isto não é nem firmeza e muito menos adaptação. Isto é estupidez. Se a observação fosse:

- O que está sucedendo? Quem sabe a gente pode ajudar?...

Isto é o que o Tao-Te-Ching chama de virtude e modesta adaptação. Infelizmente é bastante comum vermos pessoas chegarem a um posto de mando e passarem a confundir poder com tirania.

Toda sua postura anterior de democrática flexibilidade, de preocupação e generosidade, some diante de um salário um pouco maior ou da insana vaidade de se julgar o dono do poder.

Existem algumas palavras-chave no processo de crescimento e uma delas é flexibilidade.


13 - "O homem feliz é prestativo no dar, sincero no falar, suave no conduzir, sereno no agir"

Você quer ser feliz? Claro e quem não quer? Preste atenção na receita de valores harmônicos que se segue:

1 - Seja prestativo - Não negue sua ajuda a quem a pede.

Se você pode ajudar, ajude. Fique alerta no entanto para não por lenha na fogueira da injustiça social. A caridade na forma de esmolas, é uma praga que tira a culpa de quem dá e mantém na desgraça quem recebe.

Ensinar, ajudar, orientar, conseguir e são exemplos de prestatividade. O indivíduo verdadeiramente prestativo não se engrandece nem se humilha.

2 - Seja sincero - São tantas as pessoas insinceras e mentirosas, que até existe esta frase preparada para eles: "A quem você pensa que está enganando?"

A mentira cedo ou tarde será descoberta e ninguém fica impune. E não fica mesmo, é só uma questão de tempo. Ser sincero é o mesmo que ser coerente. E ser coerente é ser justo consigo próprio.

Para alcançar a felicidade, um grande entrave é o auto-flagelo da mentira, da falta de sinceridade. Quando você diz coisas que não sente no intuito de agradar, o preço que será pago será sua própria subserviência.

Evidentemente não devemos confundir sinceridade com arrogância, estupidez ou falta de tato. Você pode e deve ser sincero, sem assumir nenhuma dessas atitudes.

3 - Seja suave - isto me lembra de que um presidente americano dizia: "Fale manso e carregue um porrete".

Suavidade ou mansidão, não significam passividade bovina, nem porrete presidencial. Quando você leva seu interlocutor, a aceitar conscientemente suas idéias, isto é ser eficiente.

Se, além disso, você tem a característica da fala suave, o resultado será ainda mais notável. Todo mundo gosta de ser bem tratado.

4 - Seja sereno - Aí está uma característica tão importante que mereceria todo um livro.

A serenidade nos pensamentos e nas ações, são um requisito básico a quem aspira o crescimento pessoal. A quietude da mente dá espaço para a atuação do Tao reequilibrante.

A quietude do corpo é aumentada e multiplicada pela ação do Tao harmônico. E isto não é fantasia. Você pode experimentar a qualquer momento, agora mesmo, e ver de imediato os resultados.

Feche suavemente os olhos, relaxe o corpo como puder e desligue sua mente. Aguarde um ou dois minutos. Logo- logo você vai sentir o efeito da reordenação que o Tao promove.

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