Estudando o Tao
Parte – XI
continuando...


6 -"Não dê muito crédito à razão e à cultura."

Quando examinamos a questão da cultura, parece ter ficado claro que ela não apresenta grandes méritos, embora saibamos que a maioria das pessoas ainda fica muito impressionada quando se depara com um indivíduo culto.

Confunde-se cultura com inteligência, com competência, com sabedoria é até com posição social. Cultura é um elemento de referência.

É uma espécie de enciclopédia onde você vai buscar informações que o ajudam a solucionar alguma questão.

Como a palavra cultura ficou intimamente ligada às coisas mais ou menos sofisticadas, o indivíduo que acumulou por diversos meios e razões, uma grande quantidade de conhecimentos, particularmente nas áreas artísticas e filosóficas, costuma se envaidecer de tal fato.

E é aí que a coisa deixa de funcionar direito. Os grandes problemas existenciais do ser humano e que pedem uma resposta urgente, estão muito mais ligados a sensibilidade e à intuição, do que à cultura e à razão.

Há um ditado popular que diz:

"O coração tem razões que a própria razão desconhece".

O que é uma grande verdade. As razões que a razão desconhece, são aqueles valores que a ciência não faz caso: sensibilidade, intuição, iluminação, etc.

Há como que uma supervalorização da cultura em detrimento dos valores comuns a todos os homens. Infelizmente isto é tão verdadeiro, que se torna difícil até mesmo argumentar.

De qualquer forma, meditemos sobre estas palavras do sábio, e ao lidar com questões realmente sérias, que se dê uma chance ao não tão lógico e ao não tão racional. Quem sabe assim, reconheçamos que nossa vaidade está nos vendando os olhos às melhores soluções.


7 - "Observe para onde leva a trilha das carroças"

Aí está uma observação de muitas interpretações, todas boas e todas de grande validade. Quando durante muitos anos as carroças passam por uma estrada de terra, vão deixando sulcos que se aprofundam com o tempo.

As questões que podem ser postas também são muitas:

- Será que este é o único caminho?

- Será que nunca ninguém tentou outro?

- Faltou curiosidade aos que me antecederam?

- Que distância eu devo percorrer até o destino?

- Devo crer que o caminho é seguro?

Você está convidado a dar sua própria interpretação às questões, como forma de se exercitar.

Não procure as respostas marcadas nas "trilhas" de sua mente, pelo contrário, procure soluções novas, originais, porém se não chegar a um acordo, adote então a solução já trilhada.

Uma coisa você pode ter certeza. É um excelente começo no exercício do desenvolvimento pessoal. Uma das coisas que mais nos prejudicam é nossa vaidade, nosso orgulho em admitir nossa ignorância.

Não há nada de mais nisto. Quem é que sabe tudo afinal? Pense nisto e, serenamente mãos à obra. Com calma. Não há pressa, você tem o tempo que quiser. Não se preocupe com suas respostas. Elas sempre serão as SUAS respostas.


8 - "O sábio é firme quando a questão é de Justiça."

Se você imagina que um sábio é um individuo permanentemente afastado das coisas mundanas, está enganado.

Quem se afasta assim é o eremita que não é necessariamente um sábio.

Vocês se lembram de Gandhi?

Bem, Gandhi era sem dúvida alguma um sábio que, embora tivesse uma vida muito modesta longe da confusão das grandes cidades, mantinha-se muito atento às necessidades de seu povo.

Ele era particularmente sensível as injustiças praticadas pelo poder colonial que ocupava seu país.

Muitas vezes ele liderou manifestações do tipo não-violência que, infelizmente, resultaram em tragédias. Um dos mais fortes sentimentos que vêm marcando a vida dos grandes homens, é o apego à Justiça.

Não devemos confundir Justiça com Direito. Direito são as Leis postas no papel. São as Leis escritas por quem esta no poder, habitualmente para defender seus próprios interesses.

Daí que o Direito não reflete necessariamente a Justiça. A Justiça tal como o sábio a vê, é um valor equilibrante, harmônico e absoluto.

Assim, é natural que ela seja motivo de sua constante preocupação. De fato ele não seria sábio, se permanecesse indiferente as injustiças praticadas à sua frente, pois estaria contribuindo para desequilibrar ainda mais o sistema.

Suas atitudes ao denunciar tais ocorrências, podem gerar situações por vezes muito fortes (veja o caso de Gandhi) que acabam por dar a impressão de que se estaria combatendo a injustiça com a injustiça.

Para o sábio, a Justiça não é uma entidade abstrata e utópica, mas um valor real, harmonizante e eterno. Para ele, Justiça é o próprio Tao.

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