Conceptualismo – O Segredo de Deus – XXI continuação...


O construtivismo de Kant segue para novos empreendimentos, desta vez para a criação de "idéias" (no sentido de idealismo). A faculdade do entendimento produziria "conceitos", que são parte do juízo. Entra agora em ação a faculdade da razão, primeiramente como pura, depois como prática. Ordenando os juízos em argumentos, obtém conclusões, cuja denominação técnica, que os distingue dos conceitos, é o de idéias.

Sob os fenômenos sensíveis, calcula a razão existir uma realidade; mas esta realidade é apenas uma idealidade. A idéia mais geral, neste plano é a do mundo.

Sob os fenômenos da consciência, sob o eu lógico, calcula ocorrer um eu psicológico, que também não passa de uma idealidade. A idéia mais geral neste plano subjetivo é a de alma.

Como causa total imagina-se a razão, que exista um Deus. É este, alcançado por esta via, também só uma idéia geral.

Em resumo, as idéias, mesmo as do mundo, alma e Deus, caem no vazio, adverte o mesmo Kant. Elas foram obtidas por meio de juízos igualmente formais, aprioristicos, como valor meramente "transcendental" e imanente.

Para Kant o termo "Transcendental", leva aqui o significado muito específico de "forma apriorística", de consistência meramente subjetiva.

Ora, se as peças do raciocínio são apenas de papel, não podem produzir outro material de maior consistência. O transcendental somente poderia resultar em conclusões meramente ideais; por isso, o mundo, a alma, Deus, não passam de idéias, quando resultam de um raciocínio que opera com juízos meramente formais.

Semelhantemente, as ponderações em ordem à ação prática, constroem-se sobre a esteira de apriorismos desligados da consistência real.

Observa-se, em Kant, um espírito refinadamente crítico, depois que reduziu o fenômeno à sua pura fenomenalidade. Nada extrai do fenômeno. Nada de enxergar essências e outros bichos metafísicos nas cores, nos sons, no tato, no gosto e nos perfumes. Nada de perspiciências a descobrir coisas no fundo daquilo que se apresenta.

Diante de tamanho construtivismo, a inteligência se nos afigura como fada de muitas varinhas mágicas, ora a surgirem pelos sentidos. Ora pelo entendimento, ora pela razão pura, ora razão prática.

E ainda poderá haver mais surpresas com muitas varinhas, pois nos falta ver o vai acontecer nas faculdades do juízo e do sentimento, que Kant foi descobrir em época tardia na florestas mágica do idealismo.

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