A ilusão do "tudo vai dar certo"...

Posso dizer que estou trilhando um novo caminho, ou talvez revisitando um antigo, mas com um nível de discernimento que antes me faltava. Refiro-me ao que conhecemos como "pensamento positivo" ou "otimismo" — aquela crença arraigada de que, no final, "tudo vai dar certo".

Hoje, percebo que a realidade não é tão simples. Se essa mentalidade realmente funcionasse, um número ínfimo de pessoas sofreria decepções, acidentes, catástrofes ou separações. 

Afinal, ninguém sai de casa pela manhã esperando um acidente, nem inicia um relacionamento lindo prevendo seu doloroso fim. Pelo contrário, no início, juramos que ficaremos juntos para sempre. Existe maior demonstração de otimismo do que essa? 

No entanto, a maioria de nós vivencia o oposto dessa positividade inicial. O que podemos, então, aprender com isso?

Em primeiro lugar, fomos terrivelmente programados para pensar e agir dessa forma. Em segundo lugar, como demonstram diversos estudos, confiar cegamente que "tudo no final dará certo" nos coloca, inconscientemente, em uma zona de conforto. 

Isso nos impede de nos esforçarmos verdadeiramente para nos preparar e nos desenvolver em busca de nossos objetivos. 

Um estudo com estudantes que fariam o vestibular para universidades públicas é um exemplo claro: a esmagadora maioria dos aprovados foi, surpreendentemente, composta por aqueles que menos acreditavam que passariam, enquanto os mais confiantes, em grande parte, falharam.

É fácil compreender esses resultados quando deixamos de lado o pensamento inculcado por aqueles que nos ensinaram essa positividade exagerada. 

Aqueles que tinham dúvidas sobre a aprovação, sem dúvida, dedicaram-se mais aos estudos do que os que se consideravam já aprovados. 

No esporte, vemos o mesmo padrão, especialmente em modalidades coletivas. O time que entra em campo com alguma vantagem, convencido de que "já ganhou", quase sempre acaba perdendo. 

Para onde foi, então, toda aquela energia positiva e o otimismo inicial?

Fazendo uma retrospectiva da minha própria vida, sempre fui fiel a essa crença, proferindo-a quando possível, até mesmo com a pura intenção de aliviar a tensão de outras pessoas: "Não se preocupe, no final tudo dá certo!".

Bonito, não? Um claro sinal de otimismo, fé e esperança em um futuro melhor. Agora, no entanto, depois de recapitular alguns dos meus maiores fracassos, preciso admitir que estava errado. 

Hoje, vejo claramente que devo sim esperar pelo melhor, mas jamais ignorar a possibilidade de que algo (ou tudo) possa dar errado. 

A existência dessa condição de que "algo pode dar errado" me prepara, de certa forma, para um "plano B". Com aquela "fé cega" e absoluta, eu sequer admitiria essa possibilidade, pois a certeza do sucesso me levaria a "baixar a guarda" e não prestar atenção suficiente em meus passos. E é exatamente aí que cometemos os erros e deslizes que colocam tudo a perder.

Pode não parecer, mas essa mudança de perspectiva está transformando tudo em minha vida. Essa nova postura altera muitos dos conceitos básicos que, até então, direcionavam meus passos, e onde os resultados nem sempre eram satisfatórios.


"Se essa mensagem tocou você, compartilhe com quem pode estar precisando."

m. trozidio

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