A esperança, pode se tornar sofrimento...

Sábado, 28 de maio de 2022

A Faca de Dois Gumes: Repensando a Esperança

A esperança sempre nos foi vendida como a âncora que nos mantém à tona, a luz no fim do túnel. Crescemos ouvindo que a vida e a esperança são inseparáveis, como se a existência dependesse diretamente de um futuro ideal. No entanto, depois de tantas quedas e aprendizados, comecei a questionar essa verdade universal. E se a esperança, mesmo sem intenção, for na verdade um obstáculo?

O problema da esperança reside no fato de que ela, inevitavelmente, gera expectativa. E a expectativa nos arremessa para fora do momento presente, nos transportando para um futuro onde acreditamos que seremos melhores, mais felizes ou mais realizados do que somos agora. A esperança em algo melhor, em sua essência, é a não aceitação da realidade que estamos vivendo.

Nesse sentido, a esperança se torna um analgésico. Ela alivia a dor do "agora" com a promessa de um "amanhã" sem sofrimento, mas não nos dá a ferramenta para curar a causa da dor. A dor de não ter, a dor de não ser, é camuflada pela crença de que um dia tudo será diferente.

Cheguei à conclusão de que a esperança é, na verdade, uma faca de dois gumes. Quanto maior a esperança, maior a expectativa. Quanto maior a expectativa, maior a dor de ainda não ter alcançado o que se deseja. E, paradoxalmente, quanto maior essa dor, mais nos afastamos dos nossos objetivos, pois o foco se mantém na carência, e não na ação.

Talvez a verdadeira sabedoria não esteja em ter esperança, mas em abraçar o presente, em lidar com a realidade como ela se apresenta e em encontrar a força para agir no agora, sem esperar por um amanhã ideal.

 

"Se essa mensagem tocou você, compartilhe com quem pode estar precisando."

m. trozidio

conheça meus livros