As crianças possuem todas as respostas...
...Uma densa névoa dificultava a visão. Na verdade, eu não
sabia se estava anoitecendo ou se o dia se preparava para nascer. Eu só sei que
diminuía a velocidade dos passos, tentando entender melhor...
...Os sons, por sua vez, ecoavam como num vazio absurdo. Vozes da natureza, audazes e melancólicas. O medo se fazia presente. A vida, vez por outra, era retratada através de lembranças obscuras, imperiosas ao meu domínio. Um mundo diferente se apresentava à minha concepção. Um mundo novo, um universo a ser recriado batendo à porta insistente...
...Agora o som inconfundível do mar se fazia presente. Tentando aguçar os meus ouvidos, eu procurava caminhar em sua direção. Mas aquela densa névoa, continuava insistente e nada, absolutamente nada me era permitido ver...
...O mar por sua vez, tentava me guiar, mostrando-me o seu rumo. Cuidadosamente, amedrontado eu continuava seguindo em sua direção...
...Um dia, um momento onde tudo podia acontecer, uma vida inteira poderia ser vivida, o inexplicável surgiu imperioso, sacudindo a própria razão, mas mostrando que o caminho era e deveria ser aquele mesmo...
...Seguir a esses impulsos, era como obedecer sem questionar o meu “Ser Interior” que por alguma razão parecia estar mesmo ligado, conectado ao ser, “Ele” mesmo, o próprio Criador...
...Eu era um menino, ou pelo menos eu me sentia um menino. A
pureza dessa condição, embora ainda não compreendida, mostrava-me sinais de que
a vida e toda sua complexidade poderiam ser desvendadas caso essa condição
pudesse ser mantida. Mesmo com toda complexidade do momento e esse peso nas
costas, eu sabia: as crianças possuem todas as respostas...
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